Pesquisas sobre : A Vida no Harém....parte 2

As mil e uma noites de Saladino





Fonte: http://historia.abril.com.br/religiao/mil-noites-saladino-434455.shtml

O homem mais respeitado do mundo árabe até hoje foi um curdo que viveu há mais de 800 anos. Conheça a história de Saladino, um sultão que uniu seu povo, tomou Jerusalém dos cruzados e virou o grande líder muçulmano

por Mariana Sgarioni

”Os verdadeiros reis não se matam uns aos outros.” Depois de falar essa frase certeira, o sultão guarda a espada na cintura e oferece um refresco de água de rosas ao prisioneiro inimigo, que estava de joelhos diante dele, esperando o golpe final sobre sua cabeça. Estamos em 1187. O protagonista da cena é Salah al-Din Yusuf ibn Ayub, ou para nós, ocidentais, Saladino. Ajoelhado e rendido estava Guy de Lusignan, então governante cristão de Jerusalém, recém-tomada pelos muçulmanos.

Quem está acostumado a ver na TV prisioneiros decepados por extremistas da Al Qaeda pode imaginar que eles nada aprenderam com o maior líder do Islã de que se tem notícia. Em uma época nem tão diferente da nossa, em que governantes se mostravam traiçoeiros e cruéis, Saladino entrou para a história não só pela coragem de conquistar Jerusalém, mas por sua humanidade e simplicidade. Líder carismático, implacável na luta, generoso na vitória. Esse é o homem que você vai conhecer agora. “Saladino foi adorado até mesmo pelos seus inimigos”, resume Ridley Scott, diretor de Cruzada.

De família curda, Yusuf nasceu em 1137 nas montanhas de Tikrit, no Iraque – curiosamente, a mesma cidade natal de Saddam Hussein. Justo no dia de seu nascimento, seu tio Xirkuh, que mais tarde iria ensinar-lhe a guerrear, envolveu-se numa briga e a família teve de se mudar para a Síria.

O pai de Saladino, Najm ad-Dim, tornou-se o comandante da segurança da fortaleza do líder árabe Zengi, em Baalbek. Xirkuh, seu tio, chefiava parte do exército que, em 1144, tomou Edessa, no norte do Iraque, dos cruzados. Dois anos depois, Zengi morreu e foi substituído por seu filho Nur al-Din, uma liderança ainda mais forte na unificação dos domínios do Islã.




Jovem guerreiro

Por ordem do novo comandante, a família de Saladino mudou para Damasco, onde o patriarca teve como missão reorganizar a defesa da cidade. Por segurança, Saladino e os irmãos só podiam andar com soldados como guarda-costas. Sendo o terceiro filho homem, ele cresceu um tanto livre das cobranças que sofriam os primogênitos. Todos os dias, os irmãos se divertiam ensinando os soldados a jogar chogan, uma espécie de pólo, com os amigos. Outro passatempo infantil do futuro sultão era matar serpentes – os meninos mais corajosos, como ele, pisavam em suas cabeças. Isso chamou a atenção de Xirkuh, um bravo e impetuoso guerreiro, que começou a ensinar o sobrinho a cavalgar e a manejar a espada. E, observando o pai astuto, o menino aprendia a ser estrategista, a calcular cada passo e nunca agir por impulso. Segundo os historiadores, essa mistura de audácia e astúcia é que fez de Saladino um grande combatente.

Desde muito cedo, ele ficava impressionado e comovido com os horrores das histórias que ouvia sobre a tomada de Jerusalém. Os mais velhos contavam que seu povo havia sido queimado vivo e sua carne fora comida pelos cruzados. As mesquitas teriam sido profanadas e servidas como estábulo para que os animais dos cristãos defecassem.

O destino deu um empurrãozinho para que Saladino tivesse sua primeira oportunidade. O irmão mais velho morreu subitamente e o segundo na linha de sucessão irritava o pai por causa de sua indisciplina e teimosia. Assim, o jovem Yusuf ganhou muito mais atenção. Por outro lado, o cenário geopolítico também contribuía para o surgimento de um líder. Disputas de facções islâmicas causavam rivalidades entre povos. O surgimento da facção xiita rachou o Islã – os sunitas, como Saladino, ainda eram maioria e respondiam ao líder titular no Oriente Médio, o califa de Bagdá. As brigas eram tão intensas que muitos cristãos se aproveitavam desse racha para tomar cidades. Portanto, havia a necessidade urgente de unificação do mundo árabe.

Nessa mesma época, em 1164, Nur al-Din, da facção sunita, decidiu enviar suas tropas e invadir o Egito, governado por califas fatímidas (dinastia que se considerava descendente direta de Fátima e Ali, filha e genro do profeta Maomé), da facção xiita. A idéia era colocar ordem no país, que estava em pleno caos, sem depor os califas. O chefe do exército era ninguém menos que Xirkuh, o tio de Saladino, que insistiu em levar o sobrinho para o combate. Os dois guerrearam juntos e venceram uma série de lutas no sul da Mesopotâmia contra os muçulmanos xiitas, muitos apoiados pelos cruzados, até conquistar o Cairo, quatro anos depois.

O Soberano

Xirkuh foi proclamado rei do Egito, mas morreu dois meses depois, enquanto se esbaldava em um banquete fartamente servido de carneiros, cabras e codornas no espeto. Segundo o escritor paquistanês Tariq Ali, autor de O Livro de Saladino, ele se engasgou de tanto comer. Saladino teria ficado tão impressionado com a cena que passou o resto da vida preferindo pratos vegetarianos, como ervilhas cozidas. Outros escritores, porém, cogitam a hipótese de envenenamento.

Por ser jovem e inexperiente, Nur al-Din achou por bem que Saladino herdasse o trono – ele obedeceria a suas ordens sem se rebelar. Assim, em 1169, aos 31 anos, ele se tornou vizir, cargo que corresponde a uma espécie de ministro. A conselho do pai, nomeou irmãos e primos curdos para a maioria dos cargos importantes do seu reinado. Com uma equipe de total confiança, evitaria uma eventual traição. Foi aí que, dois anos depois, surpreendeu a corte de Bagdá ao acabar de uma vez por todas com os fatímidas, que dominaram a região por três séculos. Em reconhecimento, foi nomeado sultão – ou seja, governante absoluto – do Egito.

Com a morte de Nur al-Din, Saladino comandou um exército que assumiu o controle da Síria, unificando os dois reinos e tornando-se o imperador. Para o pesadelo dos cruzados, a união dos árabes progredia. “Quando Deus me deu a terra do Egito, eu tinha a certeza de que ele pretendia me dar também a Palestina”, teria dito o sultão, mostrando sua idéia fixa pela conquista do Reino de Jerusalém.

Antes de se dedicar à ofensiva final, restava ao sultão a tarefa de terminar de unir seu próprio império, já que ainda havia dissidências. Sua característica era a de sempre buscar uma solução diplomática antes de atacar – só usava a força militar quando não tinha possibilidade de diálogo. Em junho de 1183, ele tomou Aleppo, cidade de grande importância estratégicas, e em 1186 suas tropas dominaram a Alta Mesopotâmia. Nesse período, o sultão sofreu diversos atentados, todos sem sucesso. Em um deles, soldados xiitas cercaram sua cama enquanto dormia. Foi atingido de raspão por um punhal – morreria se seus seguranças, fiéis e atentos, não tivessem chegado a tempo.

Com o Islã unificado, Saladino se tornou o soberano mais poderoso da época. Naquele tempo Damasco, Cairo e Bagdá somavam uma população de cerca de 2 milhões de habitantes. Já Paris e Londres tinham menos de 50 mil moradores cada uma.

O Líder

O governo de Saladino foi o mais popular da história. No Cairo, era adorado pela população por sua simplicidade e por ter recuperado a economia local. “Para merecer o respeito do povo, e em particular de nossos soldados, devemos nos acostumar a comer e vestir como eles”, ele dizia. “Ao contrário dos califas fatímidas, Saladino não exigia que o povo pagasse imposto para ele acumular uma fortuna pessoal. Recompensava muito bem seus soldados e impedia que o país fosse assolado pela fome”, afirma o escritor Tariq Ali.

Tendo conquistado a fidelidade de súditos, era hora de partir para seu maior objetivo: Jerusalém. Saladino chamou os dois sobrinhos preferidos, filhos de seu irmão mais velho, para comandar os soldados. Sua popularidade era tão grande que vieram guerreiros de todos os cantos – só os curdos somavam cerca de 30 mil homens e, entre eles, havia judeus e cristãos convertidos ao islamismo. Saladino os conclamava para a mais esperada jihad (guerra santa). Por todos os lados só se ouvia um grito: “Allah o akbar” (Alá é grande!).

Milhares de soldados, arqueiros e espadachins começaram a chegar. O sultão ordenou que todos acampassem em Ashtara (na Síria), cidade em que havia muita água para beber e extensas planícies para a simulação de combates. O exército ali ficou por 25 dias. Foram convocados também 100 cozinheiros, com 300 ajudantes. Saladino fazia questão absoluta que todos recebessem a mesma comida. “Todos são semelhantes aos olhos de Alá, amigos ou inimigos”, dizia ele. Isso fez crescer o sentimento coletivo de solidariedade.

Ao desmontar os acampamentos rumo à guerra, o sultão inspecionava tudo pessoalmente e tinha a habilidade de lembrar o nome da maioria dos arqueiros e espadachins. “Ele não gostava de delegar tarefas e fazia questão de correr riscos junto com seus soldados. Queria lhes dar segurança e manter alto o moral da tropa”, afirma o professor Mohamed Habib, da Unicamp.



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Tamerlão x Bayazid I

Mais sanguinário que Gêngis Khan e senhor de um império quase tão vasto quanto foi o do conquistador Mongol, em 1402, Tamerlão enfrentou o sultão otomano Bayazid I.

por Douglas Portari

No fim do século 14, o império bizantino era uma sombra do que fora um dia. Seu fim iria se concretizar com a queda definitiva da capital, Constantinopla, que desde 1394 sofria um bloqueio pelas forças do sultão Bayazid I. Mas, em 1402, o que parecia inevitável foi adiado por meio século. Não pela intervenção dos cristãos, mas pelo confronto do império otomano com Tamerlão, um conquistador das estepes que se julgava herdeiro de Gêngis Khan.

Surpresas, Constantinopla e a cristandade européia viram Bayazid mover suas forças para a Anatólia (a porção asiática da Turquia atual) para enfrentar um irmão de fé – Tamerlão também era muçulmano. Os limites de seus impérios vinham colidindo e a semelhança de suas personalidades, líderes implacáveis, agravava a situação. Durante dois anos, eles trocaram ameaças por emissários. O teor dessas cartas selou o confronto.

“Tu obtiveras algumas vitórias sobre os cristãos da Europa porque tua espada fora abençoada. Tua obediência aos preceitos do Corão é a única coisa que nos impede de destruir teu país (...) arrepende-te, pois o trovão de nossa ira está suspenso sobre tua cabeça”, advertiu Tamerlão, em 1399. Bayazid, entre outras ameaças, violou o sagrado sigilo do harém: “Se tu não tiveres a coragem de me encontrar em batalha, talvez recebas tuas esposas depois de elas suportarem os enlaces de um estranho”. Era a guerra.

O Flagelo de Deus

Tamerlão (a corruptela de seu nome no Ocidente) era filho de um chefe tártaro – povo das estepes que fora subjugado pelos mongóis. Nascido ao sul de Samarcanda, no Usbequistão, em 1336, ele ficou conhecido como Timur-i-Lenk, Timur, o Manco (um acidente com um cavalo o aleijara). Líder nato, não só uniu os clãs tártaros como, por volta de 1380, já dominava a Transoxiana, região que compreendia partes dos atuais Usbequistão, Tadjiquistão e Casaquistão. Seu objetivo: reconstruir o império mongol.

Em 1394, ele avançou sobre a Pérsia. Em 1396, voltou-se para o Cáucaso, invadindo a Geórgia, Armênia e Azerbaijão. Alcançou Moscou, em 1398. No ano seguinte, chegou a Délhi, onde enfrentou os elefantes do Exército indiano com valas e uma carga de camelos, nos quais ateou fogo. Em 1400, tomou Alepo e Damasco, na Síria, onde usou os paquidermes, e ainda bateu a famosa infantaria mameluca egípcia. A Ásia Central era sua. A personalidade de Tamerlão era tão contrastante quanto sua trajetória de camponês a imperador. Enquanto derramava sangue por onde passava, incentivava a arte em Samarcanda, enviando para lá artistas e arquitetos das cidades invadidas. Suas campanhas eram típicas dos povos montados – o que não podia ser levado era queimado até as cinzas, e seus homens eram livres para massacrar e pilhar. Como Gêngis Khan e Átila antes dele, o tártaro foi chamado, entre outros epítetos, de Flagelo de Deus.

Em 1401, foi a vez de Bagdá ser devastada por suas hordas. Foram quase 100 mil mortos. Ali ficou famosa uma de suas práticas: torres e pirâmides de crânios cimentadas, um aviso a quem resistisse. O fato de o Islã proibir a guerra entre irmãos pouco dizia a ele, que via na divisão entre sunitas e xiitas sua justificativa (ele era xiita). Em 1402, aos 66 anos, Tamerlão partiu de Samarcanda para a Anatólia. Iria enfrentar Bayazid.

O Relâmpago

O surgimento dos otomanos está firmemente ligado à ascensão e queda dos mongóis. Durante o século 13, a Anatólia recebeu povos de origem turca vindos da Ásia Central que fugiam do império mongol. Eram homens com os mesmos dotes, cavaleiros hábeis com o arco, com uma diferença: a fé no Islã. O declínio dos Khans no fim daquele século permitiu o progresso do império otomano.

Bayazid I era bisneto do principal chefe a unir clãs na fronteira com os cristãos, Otaman (daí o nome de seu povo). Os otomanos possuíam o status de ghazi, aqueles que praticavam a guerra santa (Tamerlão também receberia essa distinção) e, na segunda metade do século 14, tomaram de assalto os Bálcãs. Murad I, pai de Bayazid, chegou a formar um exército de jovens cristãos convertidos ao Islã, os janízaros.

Chamado de Ilderim, o Relâmpago, Bayazid assumiu o comando com a morte do pai na batalha do Kosovo, em 1389. Na ocasião, estrangulou o próprio irmão Iacub para evitar oposição. Logo depois, os califas (sucessores de Maomé) do Egito o declararam sultão (aquele que detém o poder). Imbuído da nova posição, ele tomou a Bulgária em 1393 e, no ano seguinte, iniciou o bloqueio a Constantinopla.

Em 1396, o rei Sigismundo da Hungria tentou detê-lo. Com um exército de 100 mil homens, os cruzados alardearam que, se o céu caísse, poderiam segurá-lo com suas lanças. Mas foi o sultão quem caiu sobre eles e massacrou-os em Nicópolis (Bulgária). Bayazid disse, então, que tomaria a Europa e alimentaria seu cavalo no altar de São Pedro, em Roma. Ele forçou posições na Macedônia grega (Grécia) e seguiu pressionando Constantinopla, até que o confronto com Tamerlão se tornou inevitável.

Batalha de Ancara

Com a intenção de lutar no coração da Anatólia, Tamerlão desviou sua rota pela Armênia e seguiu até Ancara, onde seu exército se posicionou. Bayazid, que o aguardava mais a leste, em Sivas, retornou furioso com seus soldados. No dia 20 de julho de 1402, as forças encontraram-se. O tártaro levara seus elefantes, que formaram uma longa linha, mas estes tinham mais uma função psicológica, infundir terror, que propriamente de combate. As formas de luta dos dois exércitos equivaliam-se e tornaram a batalha bastante renhida.

Após dispararem lanças e flechas, cada exército liberava uma carga de cavalaria. Tanto Tamerlão quanto Bayazid mostraram-se líderes atuantes em campo, mas pesou o fato de emires turco-otomanos que haviam perdido poder sob o jugo do sultão unirem-se ao tártaro. Os janízaros, em menor número, lutaram bravamente, mas foram encurralados pela cavalaria mongol. O sultão estava vencido.

Bayazid, então, teria sido levado para a tenda de Tamerlão para um jantar, no qual, entre as servas, estavam suas esposas. Depois, teria sido exposto pela cidade dentro de uma jaula. Lenda ou não, fato é que Bayazid morreria meses depois. O tártaro, ainda sob o ímpeto da conquista, tomou Esmirna (no leste da Turquia) dos cavaleiros de Rodes, mas fez acordos com os reis cristãos e poupou Constantinopla. Em 1404, retornou a Samarcanda, onde se preparou para uma nova campanha.

Pretendia tomar Pequim da dinastia Ming e restaurar o poder criado por Kublai Khan, neto de Gêngis. Viajando durante o inverno, Tamerlão morreu de febre no trajeto, aos 69 anos. Hoje, é um herói no Usbequistão. Com o fim da União Soviética nos anos 1990, a estátua de Karl Marx, em uma das principais praças de Samarcanda, foi substituída pela do tártaro. Um dos locais mais visitados da cidade é o mausoléu ricamente adornado onde estariam seus restos mortais.

A fúria conquistadora de Tamerlão, porém, não era seguida de dotes administrativos e seu império não resistiu a sua morte. Os otomanos, por sua vez, teriam outro destino. Após a derrota em Ancara, seus enfraquecidos líderes travaram sangrentas lutas internas, mas conseguiram se reerguer. Em 1453, 50 anos após a morte de Bayazid, seu bisneto Maomé II tomou, enfim, Constantinopla. Ela seria a capital do império otomano até 1922.

TAMERLÃO (1336-1405)

Quem foi: Líder tártaro. Considerava-se herdeiro de Gêngis Khan

Contingente na Batalha de Ancara: cerca de 150 mil homens

Baixas: cerca de 20 mil mortos e feridos

Após: Morreria três anos depois ao tentar reaver as conquistas mongóis na China

BAYAZID I (1354-1403)

Quem foi: Sultão e bisneto do fundador do império otomano

Contingente na Batalha de Ancara: cerca de 90 mil homens

Baixas: cerca de 40 mil mortos e feridos

Após: Preso, ele morreria meses depois. Um de seus bisnetos, Maomé II, tomaria Constantinopla em 1453

Soldados escravos

A partir de 1360, com a submissão dos Bálcãs pelos otomanos, estes tomaram como tributo jovens cristãos levados como escravos e doutrinados no Corão e nas armas. Sérvios, búlgaros, albaneses e bósnios fizeram parte do que Murad I chamou de Yengi cheri, janízaros, ou novos soldados. Milícias altamente treinadas de infantaria, terríveis no campo de batalha e que livravam os muçulmanos da carga de lutar contra irmãos de fé. Bayazid contava com cerca de 40 mil janízaros.

Os soldados escravos sempre existiram, mas um dos primeiros líderes a “recrutá-los” maciçamente foi o califa al-Mutasim, em meados do século 9º. Jovens não-muçulmanos eram trazidos – geralmente da Ásia Central – e treinados sistematicamente. Esses escravos foram chamados de mamelucos e alcançaram tamanho status que, a partir do século 11, exerceriam o poder de fato no Islã. Em 1260, um exército mameluco egípcio infligiu a primeira derrota campal a uma horda mongol. Foi na Batalha de Ain Jalut, próxima a Jerusalém.



Para saber mais

LIVRO

Tamerlane: Sword of Islam, Conqueror of the World, Justin Marozzi

Da Capo Press, 2006 (em inglês) A trajetória do camponês que se tornou imperador da Ásia Central.


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Museus do Mundo


A jóia de Istambul

por Marina Wentzel

Em 1856, quando turcos e armênios ainda viviam em paz, os Balyan, uma renomada família de arquitetos armênios, coordenou a construção da nova residência do sultanato da Turquia: o palácio Dolmabahçe. Erguido em plena Guerra da Criméia (a disputa entre o Império Otomano e a Rússia pelo território do Mar Negro, entre 1854 e 1856), o palácio custou amargos empréstimos internacionais ao Império Otomano. Serviu de morada a seis sultões (soberanos turcos) e um califa (líder espiritual muçulmano), função que durou até a Primeira Guerra, quando o Império Otomano ruiu e suas colônias, como a Grécia e o Egito, tornaram-se independentes. A inspiração européia, presente na fachada e nos mais de 350 ambientes, ostenta características do barroco ao neo-classicismo. Apesar da nítida influência ocidental, preservou-se a tradição otomana de separar a área social, selamlik, da área privada, harem.

Em 19 de março de 1877, comemorou-se ali a criação do parlamento monárquico sob o comando do sultão Abdulhamid II. Em 1938, faleceu nessas dependências o general reformista Atatürk, fundador da república. Hoje, o local é um dos principais museus de Istambul, recebendo 300 mil turistas por ano.



Saiba mais

www.tbmm.gov.tr/saraylar/dbahce1.htm

Palácio Dolmabahçe



O castelo que abrigou o fim do Império Otomano

1. Salão de entrada

Originalmente, o saguão com quatro lareiras de cristal servia apenas de hall, mas passou a abrigar conferências depois da criação da República, em 1923. A mais importante foi em 1932 e reformou a língua turca, que adotou os caracteres latinos. O general americano Douglas McArthur, líder do Japão após a Segunda Guerra, conversou ali com o presidente Atatürk.

2. Sala de espera

As paredes e o teto folheados a ouro iluminam a sala na qual embaixadores aguardavam pelo líder do Império Otomano. Na entrada repousam dois tapetes de urso com cabeça, presente do czar russo Nicolau II. Esta sala abrigava comemorações à moda das tribos nômades até 1909, quando os banquetes no chão sem hora marcada foram proibidos pelo sultanato.

3. Napoleão e suas amantes

Uma mesa presenteada por Napoleão retratando-o com suas 12 amantes favoritas (entre elas Josefine e Marie Louise) é a atração da sala onde os novos embaixadores se apresentavam ao sultão. A última audiência ocorreu na época do frágil sultão Maomé VI (1917-1922), quando o Império Otomano entrava em colapso e tinha seu território despedaçado.

4. Salão Zülvecheyn

Sobre o delicado parquê, piso feito de três tipos de madeira encaixadas sem rejunte, realizavam-se cerimônias religiosas e solenidades de estado. Aqui, herdeiros da dinastia celebravam a circuncisão e durante o ramadã, o mês sagrado para os muçulmanos, compartilhavam as preces e a única refeição diária. Também nesta sala o sultão se reunia com as províncias do Império Otomano.

5. Biblioteca do Califa

A sala abriga 10 mil títulos em diversas línguas. Uma cadeira que vira escada feita pelo sultão Abdulhamid II é um curioso item em exposição. Foi ao lado desse móvel e das estantes de mogno que, em 3 de março de 1924, o califa Abdülmecid II recebeu a notícia da abolição do califado e o ultimato para abandonar o palácio em até duas horas. Era o fim do Império Otomano e o início da República da Turquia.

6. Salão de Baile Imperial

Um aposento de números sultânicos: 2 mil metros quadrados de área, pé direito de 46 metros coberto por uma cúpula de 36 metros de diâmetro, da qual pende um lustre de cristal de 4,5 toneladas. Já as festas que ali ocorreram são incontáveis. Em 1856, o sultão Abdülmecid ofereceu a primeira delas ao Marechal Pelissier pelo êxito na Guerra da Criméia.

7. Salão Azul

Este ambiente era proibido aos visitantes. Apenas o sultão, suas mulheres, a família e poucos serviçais podiam compartilhar das confraternizações que ali ocorriam. A mais tradicional era a etapa particular da cerimônia de Bayram, na qual o soberano recebia congratulações e reverências do entourage e retribuía ao final jogando moedas de ouro e prata.

8. Quarto de Atatürk

O “Pai dos Turcos” sofria de cirrose e fora levado a contragosto para o Dolmabahçe em setembro de 1938. Aqui o líder passou seus últimos dias e escreveu o testamento deixando a fortuna pessoal para a nação. Faleceu em 10 de novembro do mesmo ano. Ainda hoje os turcos prestam homenagens a Atatürk exibindo retratos dele em lugares públicos e em frente ao palácio.

9. Museu do Relógio

Situado no jardim, possui cerca de 50 relógios raros, muitos deles presentes dados ao Império Otomano. Sofisticados mecanismos e preciosos adornos não faltam. Um dos mais engenhosos exemplares exibe um globo que dá uma volta em torno de si a cada 24 horas e ao redor do sol a cada 365 dias, além de mostrar o horário, os meses do ano e as fases da lua.

10. Pavilhão de Cristal

Voltado para a rua, o prédio alto se assemelha a um jardim de inverno, embora não sirva para cultivar flores raras. A estrutura de ferro e vidro era um camarote do qual o sultão assistia aos desfiles militares. Um chafariz, um piano de cristal e duas lareiras são alguns dos confortos que entretiam o soberano durante os tediosos desfiles de tropas.





Fonte:



http://historia.abril.com.br/politica/joia-istambul-434158.shtml

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